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O papel das stablecoins em estratégias de hedge cambial
24 de novembro de 2025 |

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24 de novembro de 2025 |

A volatilidade do câmbio sempre foi um componente presente no dia a dia de empresas e investidores. No entanto, em um cenário de juros mais altos, incertezas geopolíticas e fluxos globais de capital cada vez mais rápidos, o tema ganha ainda mais destaque.
Afinal, o dólar pode subir ou cair em questão de horas, alterando o custo de importações, o valor de exportações e o resultado de aplicações internacionais. Nesse contexto, o hedge cambial passou a fazer parte da rotina de negócios de diversos portes.
Nos últimos anos, porém, surgiu um novo elemento nessa discussão: as stablecoins. Elas são ativos digitais atrelados a moedas fortes, como o dólar, que vêm sendo usados como alternativa ou complemento às formas tradicionais de proteção.
Mas, afinal, o que são stablecoins, como funciona o hedge cambial e de que maneira esses dois mundos se conectam? Acompanhe a leitura para entender!
As stablecoins são criptoativos desenhados para manter valor estável ao longo do tempo. Em vez de variar, como Bitcoin ou Ethereum, elas procuram espelhar o preço de um ativo de referência, geralmente uma moeda fiduciária como o dólar americano (USD).
A lógica é simples: um token deve valer 1 unidade da moeda à qual está vinculado. Na prática, a estabilidade depende do modelo de lastro.
Entre os principais tipos, destacam-se:
Para uso em estratégias de hedge cambial, o mercado tende a privilegiar stablecoins lastreadas em moeda fiduciária, com reservas transparentes e relatórios independentes que comprovem o lastro.
Leia mais: Stablecoins crescem e já movimentam trilhões: entenda o avanço dessas moedas digitais
Por sua vez, o hedge cambial é o conjunto de estratégias usadas para reduzir o risco de perdas decorrentes da oscilação entre duas moedas. Em termos simples, é como um “seguro” contra movimentos inesperados do câmbio, especialmente quando há receitas ou despesas futuras em moeda estrangeira.
Empresas que importam insumos em dólar, exportadores que recebem em moeda forte, investidores com carteira internacional e até pessoas físicas que fazem remessas regulares ao exterior estão expostos a esse risco.
Se o câmbio se mover na direção oposta ao planejado, margens podem ser comprimidas, contratos se tornam mais caros e projeções financeiras deixam de fazer sentido.
Tradicionalmente, essa proteção é feita com derivativos (contratos futuros, swaps e opções cambiais), firmados com instituições financeiras. Eles permitem fixar uma taxa hoje para uma operação que será liquidada no futuro, garantindo previsibilidade para o fluxo de caixa.
Imagine que uma empresa brasileira terá de pagar US$ 100.000 a um fornecedor em três meses. Hoje o dólar está a R$ 5,00; contudo, a empresa teme que esse valor suba para R$ 5,50 até a data do pagamento. Para reduzir essa exposição, a empresa fecha um contrato futuro de dólar na bolsa ou via instituição financeira, como um banco, fixando a taxa de R$ 5,05 para liquidação em três meses. Assim, no dia do pagamento, mesmo que o dólar esteja a R$ 5,50, a empresa pagará o equivalente a R$ 5,05 por dólar, uma vez que já havia garantido essa taxa, protegendo-se da alta e trazendo previsibilidade ao custo.
As stablecoins não substituem o hedge financeiro clássico. Contudo, elas abrem uma frente complementar no hedge operacional. Em vez de proteger uma projeção de longo prazo, a ideia é preservar o valor real do dinheiro entre etapas de uma operação internacional.
Para entender melhor, veja esse exemplo:
O mesmo raciocínio vale para exportadores e prestadores de serviços: receber em stablecoin permite reter o valor em moeda forte e escolher o melhor momento para converter os recursos, em vez de ser obrigado a vender dólares imediatamente ao câmbio do dia.
Ao serem incorporadas às estratégias de proteção cambial, as stablecoins trazem uma série de benefícios operacionais e financeiros. Entre os principais, estão:
Apesar das vantagens, usar stablecoins como parte de uma estratégia de hedge cambial exige atenção a riscos específicos. Afinal, o arcabouço para criptoativos, incluindo stablecoins, ainda está em consolidação em vários países.
Empresas que operam em múltiplas jurisdições precisam acompanhar de perto mudanças em regras de câmbio, tributação e compliance.
Para usar stablecoins como proteção cambial de verdade, o processo começa com uma pergunta simples: onde está sua exposição ao dólar? Identifique quais pagamentos e recebimentos dependem de moeda estrangeira e em quais prazos isso acontece.
Feito isso, defina o objetivo. Stablecoins podem servir para atravessar alguns dias de volatilidade, agilizar liquidez entre filiais ou baratear remessas. Cada uso pede uma configuração diferente.
Por fim, acompanhe tudo de perto, como relatórios de reservas, mudanças regulatórias, custos de rede e comportamento da paridade. Esse monitoramento constante é o que transforma stablecoins em uma ferramenta eficiente de hedge e não apenas em uma solução pontual.
Para quem quer dar um passo além na proteção cambial, contar com instituições que já nasceram no ecossistema digital faz diferença. O Braza Bank é um exemplo.
Além de atuarmos como banco especializado em câmbio e pagamentos internacionais, desenvolvemos stablecoins próprias, lastreadas em moedas fiduciárias e integradas a uma infraestrutura pensada para operações cross-border.
Nosso time de especialistas em câmbio e comércio exterior pode ajudar você a desenhar soluções sob medida para cada perfil de negócio. Entre em contato e saiba mais!
São criptoativos desenhados para manter valor estável, geralmente atrelados a moedas como o dólar, com lastro em reservas mantidas por um emissor.
É o conjunto de estratégias usadas para reduzir o risco de perdas com a oscilação entre duas moedas, protegendo receitas e despesas futuras em moeda estrangeira.
Elas permitem “estacionar” valor em moeda forte de forma rápida e global, funcionando como um hedge operacional entre etapas de uma operação internacional, sem depender apenas de derivativos tradicionais.