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EUA x Brasil: quais produtos brasileiros ficaram de fora da nova taxação?
4 de agosto de 2025 |

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4 de agosto de 2025 |
Nos últimos meses, a política comercial dos Estados Unidos voltou a impactar diretamente o Brasil. Em um movimento brusco, o governo norte-americano anunciou a aplicação de uma nova tarifa de 50% sobre determinados produtos brasileiros.
Essa decisão afeta diferentes empresas do Brasil. No entanto, nem todos os setores foram atingidos igualmente. Existem produtos que ficaram de fora da medida, abrindo espaço para ajustes na estratégia de exportação.
Neste artigo, entenda quais são os produtos isentos da nova taxação, os setores mais prejudicados e as falas dos governos envolvidos nesse impasse comercial.
A nova taxação dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros foi oficialmente anunciada em 30 de julho de 2025, com a assinatura do decreto presidencial por Donald Trump. A medida institui uma tarifa adicional de 40%, que, somada às taxas existentes, eleva a cobrança total para 50% sobre uma lista específica de produtos brasileiros.
A tarifa entra em vigor a partir de 6 de agosto de 2025. Embora já houvesse sinais anteriores da intenção dos EUA de endurecer as relações comerciais com o Brasil, o decreto representa um ponto de inflexão decisivo nas negociações bilaterais.
Essa decisão reacende o debate sobre o protecionismo norte-americano e impõe desafios significativos para a economia brasileira. Mesmo com a exclusão de determinados produtos da lista tarifária, o impacto sobre setores estratégicos de exportação merece atenção e análise cuidadosa.
O decreto especifica que produtos como café, carne bovina, calçados, veículos e parte do setor siderúrgico sofrerão a tarifa adicional de 40%, resultando em até 50% de taxação. Esses segmentos são historicamente relevantes nas exportações brasileiras para os EUA.
A carne bovina, por exemplo, que responde por uma fatia considerável do comércio agropecuário entre os países, foi surpreendida pela inclusão. O café, um dos principais produtos agrícolas do Brasil, também foi afetado, gerando preocupação nos setores produtivos e governamentais.
No setor industrial, produtos como veículos e calçados enfrentam um aumento nos custos para acessar o mercado dos EUA. Já os setores de aço e alumínio, que já estavam sujeitos a tarifas anteriores, sofreram uma sobretaxa, o que pode impactar ainda mais suas exportações.
Apesar da amplitude da medida, uma fatia expressiva da pauta exportadora brasileira foi excluída da tarifa adicional. Produtos de alta tecnologia, minerais estratégicos e bens agroindustriais mantêm condições tarifárias anteriores.
Veja!
A indústria aeronáutica brasileira, liderada pela Embraer, conseguiu manter suas exportações para os Estados Unidos sem sofrer a tarifa adicional. A isenção abrange desde aeronaves completas até peças, motores e simuladores de voo.
Essa proteção é fundamental para evitar a quebra de contratos internacionais e garantir a estabilidade de uma cadeia produtiva altamente qualificada. Além disso, a isenção demonstra o interesse dos EUA em preservar o fluxo comercial relacionado a tecnologia e segurança.
Apesar de alguns produtos agropecuários, como carne bovina e café, terem sido taxados, outros itens escaparam da sobretaxa. Entre os isentos estão o suco de laranja, castanha-do-Pará (ou castanha-do-Brasil/da-Amazônia), madeira tropical serrada, polpa de madeira, mica e fios de sisal.
Fertilizantes, essenciais para a agricultura brasileira, também ficaram fora da lista de tarifas adicionais. Essas isenções são importantes para conter o aumento dos custos no campo e garantir a competitividade do Brasil em nichos específicos do agronegócio no mercado americano.
Apesar da ampliação da tarifa para diferentes produtos industriais, veículos de passageiros, como SUVs, vans de carga e caminhões leves, foram excluídos. Também ficaram de fora peças e componentes automotivos exportados por fabricantes brasileiros.
A decisão beneficia montadoras instaladas no Brasil e protege a cadeia nacional de autopeças. Isso evita encarecimento de contratos com importadores americanos e preserva empregos em diversos setores.
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O setor energético também foi poupado da taxação extra do Governo Trump. A lista de isenções inclui petróleo, gás natural, carvão, querosene, óleos lubrificantes, betume, coque de petróleo, energia elétrica exportada ao mercado americano, dentre outros.
A exclusão desses produtos evita distorções no comércio bilateral de energia, considerado essencial para a segurança energética dos EUA. Além disso, ela mantém o equilíbrio na balança comercial de um setor com peso nas exportações brasileiras.
Produtos minerais e metálicos, como silício, alumina, ferro-gusa, estanho, ouro, prata, ferronióbio e ferroníquel, ficaram de fora da nova tarifação. A lista inclui ainda itens semiacabados de ferro, aço, alumínio e cobre.
Essas matérias-primas são importantes para a indústria global e, ao isentá-las, os EUA garantem seu suprimento com menor risco de inflação industrial. O Brasil, por sua vez, mantém espaço relevante em cadeias produtivas globais.
Produtos como smartphones, antenas e aparelhos de gravação e reprodução de som e imagem permaneceram fora da nova tarifa. Essa medida demonstra que os EUA buscam evitar gargalos nas cadeias de suprimentos digitais e de comunicação.
Além dessas categorias, o decreto prevê isenções específicas para:
Também estão livres da sobretaxa livros, obras de arte, doações e materiais informativos, refletindo compromissos com tratados internacionais, direitos individuais e a preservação do intercâmbio cultural.
Diante desse cenário, empresas brasileiras precisam rever suas estratégias de comércio exterior. Para os setores poupados da sobretaxa, surge a oportunidade de ampliar a participação no mercado americano e fortalecer cadeias produtivas.
Investir em certificações, qualidade, inovação e logística eficiente se torna fundamental para ganhar competitividade. No agronegócio, a diversificação em produtos processados e de maior valor agregado pode ampliar o alcance comercial.
Já os setores impactados pela tarifa extra devem focar na diversificação geográfica, buscando ampliar exportações para Ásia, Europa e mercados emergentes. Parcerias comerciais e investimentos em produção local também podem ser alternativas para driblar barreiras tarifárias.
A nova taxação imposta pelos EUA reacende alertas sobre a volatilidade das relações comerciais internacionais e seus reflexos diretos na economia brasileira. As isenções também sinalizam que ainda há pontes comerciais a serem preservadas, principalmente em áreas ligadas à inovação.
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O que motivou a aplicação da nova tarifa de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros?
A tarifa foi implementada como parte da estratégia dos EUA para proteger sua indústria doméstica e responder a desequilíbrios comerciais percebidos, especialmente em setores como siderurgia, agroindústria e manufatura. Porém, os argumentos da Casa Branca também tiveram tons políticos.
Quais são os principais produtos brasileiros afetados pela nova taxação?
Produtos como carne bovina, café, calçados, veículos e parte do setor siderúrgico foram impactados com uma sobretaxa adicional de até 50%.
Existem produtos brasileiros que ficaram isentos da nova tarifa?
Sim. Setores como aeronáutico, eletrônicos, energia, mineração, além de alguns produtos agroindustriais como suco de laranja e castanha-do-Pará, foram excluídos da sobretaxa.
Quando a nova tarifa entra em vigor?
A medida entra em vigor em 6 de agosto de 2025, após a assinatura do decreto presidencial em 30 de julho do mesmo ano.
Como a nova tarifa afeta as empresas brasileiras?
Empresas dos setores impactados enfrentam aumento nos custos para exportar para os EUA, o que pode reduzir a competitividade. Já os setores isentos têm a oportunidade de expandir sua participação no mercado americano.
Essa taxação tem impacto apenas no Brasil?
Não. A medida faz parte de uma política protecionista mais ampla dos EUA, que pode afetar diferentes parceiros comerciais em diversos setores.