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OMC reduz previsão de crescimento do comércio em 2023; retomada deve acontecer próximo ano
6 de outubro de 2023 | Equipe Braza Bank
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6 de outubro de 2023 | Equipe Braza Bank
Economistas da Organização Mundial do Comércio (OMC) revisaram para baixo as estimativas de crescimento do comércio global de mercadorias em 2023. A principal motivação é a contínua recessão que teve início no último trimestre de 2022.
As informações foram apontadas no mais recente relatório comercial da OMC, divulgado na última quinta (5). De acordo com as novas projeções, o aumento do volume do comércio mundial de mercadorias para este ano é agora esperado em apenas 0,8%.
O número representa menos da metade da taxa prevista em abril, que era de 1,7%. Entretanto, a previsão de crescimento de 3,3% para 2024 permanece praticamente inalterada em relação às estimativas anteriores.
Além disso, a OMC também antecipa um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global real de 2,6% em 2023 e 2,5% em 2024. Essas estimativas usam como base as "Perspectivas e Estatísticas do Comércio Global - Atualização: Outubro de 2023".
O comércio e a produção globais sofreram uma desaceleração significativa no quarto trimestre de 2022. Entre as razões estão os impactos persistentes da inflação e a política monetária mais restritiva nos Estados Unidos, na União Europeia e em outras nações.
Isso, somado às tensões no mercado imobiliário na China, impediu uma recuperação mais robusta pós-Covid-19. Além disso, os desenvolvimentos relacionados à guerra na Ucrânia lançaram incertezas sobre as perspectivas do comércio global.
A parcela de bens intermediários no comércio mundial, que é um indicador da atividade nas cadeias globais de suprimentos, caiu para 48,5% no primeiro semestre de 2023. Nos três anos anteriores, a média era de 51%.
Além disso, a participação dos parceiros asiáticos nas transações comerciais de peças e acessórios dos Estados Unidos, que são componentes cruciais da produção intermediária, diminuiu para 38% no primeiro semestre de 2023, em comparação com 43% no mesmo período de 2022.
Desse modo, a OMC vê o esfriamento do comércio como algo generalizado. A entidade prevê que o crescimento do comércio ganhe impulso no próximo ano, acompanhado por um crescimento estável, porém moderado, do PIB.
Os setores mais sensíveis às flutuações econômicas devem se estabilizar e se recuperar à medida que a inflação diminuir e as taxas de juros começarem a cair. No entanto, surgem indícios de fragmentação nas cadeias de abastecimento, o que pode representar uma ameaça para as perspectivas relativamente positivas em 2024.
Dado o cenário ainda incerto a nível global, a OMC vê o cenário com cautela. “A desaceleração projetada no comércio para 2023 é motivo de preocupação, devido às implicações adversas para os padrões de vida das pessoas em todo o mundo”, comenta a Diretora-Geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala.
Nesse sentido, a OMC enxerga que é importante fortalecer o comércio global e evitar o protecionismo, promovendo uma economia mais resiliente e inclusive. Sem um sistema comercial multilateral estável, aberto, previsível e justo, a recuperação global, especialmente dos países emergentes, será desafiadora.
“Vemos alguns sinais nos dados de fragmentação comercial ligada a tensões geopolíticas. Felizmente, uma desglobalização mais ampla ainda não chegou. Os dados sugerem que os bens continuam a ser produzidos através de cadeias de abastecimento complexas, mas que a extensão destas cadeias pode ter estagnado, pelo menos no curto prazo. O crescimento positivo do volume de exportações e importações deverá ser retomado em 2024, mas devemos permanecer vigilantes”, complementa o economista-chefe da OMC, Ralph Ossa.
É importante ressaltar que a previsão não inclui o comércio global de serviços comerciais. Contudo, dados iniciais indicam que o crescimento nesse setor pode estar perdendo velocidade.
No primeiro trimestre de 2023, o comércio mundial de serviços comerciais apresentou um aumento de 9% em termos anuais, em contraste com o crescimento anual de 19% registrado no segundo trimestre de 2022.
(*) com informações de Comex do Brasil e OMC