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Café & mercado de commodities: o que explica a alta recente e como empresas podem ler o mercado
15 de dezembro de 2025 |

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15 de dezembro de 2025 |

O café voltou a ocupar o centro do radar do mercado global de commodities. Nos últimos ciclos, a combinação de clima, estoques apertados e mudanças na dinâmica de consumo manteve o preço sensível a qualquer notícia — e isso aparece tanto nas bolsas internacionais quanto no mercado físico.
Para empresas que dependem do grão (na compra, na venda ou na formação de preço), entender “o que está por trás do gráfico” virou uma necessidade de gestão, não curiosidade. Porque o café não é só agrícola, ele é também câmbio, logística, financiamento, margem e risco.
A seguir, reunimos os principais motores que explicam a performance recente do café como commodity e quais pontos merecem atenção no curto e no médio prazo. Acompanhe!
O ponto de partida é simples: o café passou por um período de preços elevados e oscilação forte, com movimentos bruscos nas referências internacionais.
No arábica, negociado principalmente na Intercontinental Exchange (ICE), em Nova York, os contratos chegaram a marcar recordes no começo de 2025. O mercado registrou o arábica batendo US$ 3,6945 por libra-peso em 29 de janeiro de 2025, um marco importante para a formação de preço global.
Mesmo quando há correções, a “temperatura” segue alta porque o mercado continua sensível à leitura de oferta e demanda. Isso acontece porque o café é uma commodity com fundamentos muito claros — e, ao mesmo tempo, com muitos gatilhos de curto prazo.
Em geral, a volatilidade cresce quando três forças se alinham:
A própria Organização Internacional do Café (ICO) ajuda a dimensionar o nível de preço do ciclo. Em relatório de janeiro de 2025, o ICO Composite Indicator Price (I-CIP) foi reportado em média de 310,12 US cents/lb no mês, acima de dezembro.
Quando o mercado opera com estoques mais apertados, qualquer notícia vira preço. Pode ser uma projeção de chuva, uma leitura de florada, uma mudança na demanda de um grande importador, um ruído logístico. Isso não “cria tendência” sozinho, mas acelera movimentos.
Nos ciclos recentes, o clima foi protagonista. O mercado reagiu a seca, calor fora de padrão e impactos sobre florada e produtividade, especialmente no Brasil, que tem peso determinante no equilíbrio global.
Do ponto de vista de expectativa, 2026/27 virou um tema-chave. Consultorias passaram a projetar recuperação relevante e até recorde, o que muda o debate de “falta grão?” para “como ficam estoques e qualidade?”.
A Safras & Mercado estimou preliminarmente uma safra brasileira de 2026/27 em 71 milhões de sacas (recorde), com alta de 10,5% sobre o ciclo anterior. Na mesma direção, a StoneX estimou produção ao redor de 70,7 milhões de sacas, citando recuperação de produtividade.
Contudo, mesmo com a melhora da safra, o mercado pode continuar firme se os estoques estiverem baixos e se a indústria ainda estiver em recomposição.
Esse é um cenário frequentemente mencionado por analistas quando há sequência de safras abaixo do potencial. Em outras palavras, “safra maior” não significa automaticamente “preço despenca”.
Para o Brasil, café é uma commodity exportadora, mas também é renda, emprego e investimento em tecnologia. Do lado macro, um indicador que ajuda a medir o peso é o Valor Bruto da Produção (VBP).
Em projeções divulgadas pelo setor, o café aparece com destaque no VBP agropecuário de 2025: R$ 116,42 bilhões, crescimento de 46,1% em relação ao ano anterior, com peso relevante no total do país.
Em recorte técnico, a Embrapa também publicou estimativas de VBP do café para 2025, reforçando a magnitude do setor e a evolução recente. Para empresas, isso importa por um motivo prático: quando o café ganha valor relativo, cresce a exigência de gestão de margem e risco ao longo da cadeia.
Outro ponto que mexeu com os preços foi política comercial, principalmente nos Estados Unidos, por causa da centralidade do país como consumidor e formador de sentimento.
Em novembro de 2025, a Reuters noticiou uma queda forte nos preços globais de café após o presidente Donald Trump remover tarifas de 40% sobre importações agrícolas brasileiras (incluindo café), movimento que fez o arábica cair e levou robusta a recuar também.
O que esse episódio ensina, para além do evento em si, é como o café pode reagir não apenas a clima e safra, mas também a decisão política que altera custo, fluxo e expectativa de demanda.
Para quem compra ou vende café, alguns sinais costumam ser mais úteis do que “adivinhar preço”:
Além disso, o café é uma commodity globalmente negociada e tem sua precificação referenciada em dólar. Isso significa que, mesmo quando fatores locais permanecem estáveis, variações no câmbio podem alterar o preço final percebido por produtores, exportadores, indústrias etc.
Movimentos de valorização ou desvalorização do real afetam decisões de venda, formação de estoques, margens comerciais e competitividade do café brasileiro no exterior. Para quem opera contratos de exportação ou depende deimportações de insumos, essa exposição é constante.
Para exportadores, a discussão costuma passar por: travar receita em reais, equilibrar fluxo de caixa, evitar surpresas em embarques e proteger a formação de preço quando a referência internacional mexe rápido.
Para importadores e indústrias, o foco costuma ser travar custo, reduzir exposição a movimentos extremos e alinhar hedge com necessidade real.
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Clima e safra, estoques mais apertados, demanda resiliente e alta sensibilidade do mercado a notícias, com impacto direto nas referências internacionais.
Porque o café é precificado em dólar; isso cria dupla exposição (preço + câmbio) e muda decisões de compra, venda e estoque no Brasil. C
Além do clima, o mercado acompanha projeções de safra e recomposição de estoques; estimativas de 70,7 a 71 milhões de sacas para 2026/27 ajudam a orientar expectativas, mas não eliminam volatilidade.
Política comercial pode alterar custos e fluxo de importação, com efeito imediato sobre preços, como mostrou a reação do mercado após a remoção de tarifas sobre importações brasileiras em 2025.