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Tchau dólar? Brasil e China fazem primeira operação direta entre real e yuan; o que esperar agora
4 de outubro de 2023 | Equipe Braza Bank
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4 de outubro de 2023 | Equipe Braza Bank
Brasil e China concretizaram um marco histórico nas suas relações comerciais na última terça-feira (03). Os dois países realizaram a primeira transação comercial usando apenas suas moedas nacionais, o real e o renminbi (também conhecido como yuan).
A operação envolveu o envio de 43 contêineres de celulose pela empresa Eldorado Brasil para a China no último dia 25 de agosto. A carga partiu do Porto de Santos com destino ao Porto de Qingdao, na China.
O Banco da China no Brasil foi o responsável por intermediar a operação. A instituição recebeu uma carta de crédito em yuan do importador e, após notificar a Eldorado e analisar a documentação, converteu o montante em reais.
A conversão direta de renminbi para real foi concluída na semana passada. Os recursos ficaram disponíveis para a empresa no dia 29 de setembro.
As informações foram confirmadas pela mídia estatal chinesa. Os demais detalhes do negócio, como o valor da transação, não foram divulgados.
A Eldorado confirmou a operação em nota. Para a empresa, a operação foi um teste e pode servir para abrir portas para novas linhas de crédito no mercado chinês.
"Esse movimento é importante e vai em linha com a oportunidade que temos destacado há algum tempo: melhoria de processos, redução de custos e abertura de novos mercados. O início dessa operação possibilitará ao exportador brasileiro ter maior competitivo no cenário internacional, além de atender a mercados poucos explorados até então", argumenta Marcelo Cursino, gerente de estratégia comercial do Braza Bank.
A transação foi comemorada pela imprensa chinesa. É importante destacar que o país está movendo esforços para fortalecer sua moeda no comércio global.
O memorando de cooperação com o Brasil para promover o comércio em moedas locais foi assinado em abril deste ano, durante a visita do presidente Lula a Pequim.
O acordo econômico entre Brasil e China representou uma parceria estratégica com objetivo de reduzir a dependência do dólar nas operações de comércio entre os dois países.
O acordo foi estabelecido em colaboração entre o Banco Central do Brasil e o Banco Central da China. A iniciativa espera aumentar a disponibilidade de yuan no mercado brasileiro e ampliar a presença da moeda chinesa nas reservas cambiais do Brasil.
Cursino lembra que o dólar é a moeda mais usada do mundo. Mas, quando você não é detentor dela, lida com a falta de controle na política monetária, que é guiada pelo emissor.
Apesar da possibilidade de aumento do uso da moeda chinesa nas transações, o fim do dólar não deve ser uma realidade.
“O Brasil tem boas relações comerciais com a China e com os EUA, então, havendo equilíbrio, é possível pensar em abrir possibilidades em ambas as frentes. Diante desse contexto, acredito que não será adotada uma política de um lado só e, enfim, não teríamos a substituição do dólar”, explica.
“Penso que é um passo importante e um movimento que deve se acentuar a médio e longo prazo. Ainda não encaro como algo que afetaria o preço do câmbio ou a demanda por dólares. Até mesmo dentro dos bancos chineses o assunto está mais na esfera de projetos do que operacionalização propriamente dita”, complementa Bruno Perottoni, diretor de tesouraria do Braza Bank.
Para o Brasil, vejo como positiva a criação desse canal de pagamentos alternativo, visto que favorece o estreitamento de relações econômicas com um parceiro muito importante para a balança comercial brasileira
Marcelo Cursino, gerente de estratégia comercial do Braza Bank.