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Trégua entre EUA e China: o que muda com o novo acordo comercial de 2025
19 de maio de 2025 |

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19 de maio de 2025 |
A recente reaproximação entre Estados Unidos e China marcou um passo importante rumo à estabilidade econômica internacional. Com a redução das tarifas de importação entre as duas maiores economias do mundo, setores como tecnologia, alimentos, bebidas e artigos de luxo voltam a ganhar fôlego no comércio global.
Apesar do alívio imediato, o cenário ainda é delicado. O acordo tem validade temporária e não resolve questões estruturais mais profundas, como disputas sobre propriedade intelectual, subsídios estatais e influência geopolítica. Em outras palavras: a guerra comercial deu uma pausa, mas não chegou ao fim.
Quer saber como essa trégua afeta o mercado financeiro, as cadeias de suprimento e até os preços no dia a dia? Neste conteúdo, você entenderá melhor o novo acordo entre EUA e China e o que ele significa para o futuro da economia mundial.
A guerra comercial entre Estados Unidos e China não começou em 2024, durante o segundo mandato de Donald Trump. Essa disputa é travada desde 2018, afetando profundamente o mercado e as cadeias de suprimento.
A guerra comercial começou com a imposição de tarifas americanas sobre bens chineses, sob a justificativa de práticas comerciais desleais por parte de Pequim. Essas acusações incluem alegações de roubo de propriedade intelectual. A resposta chinesa foi imediata e proporcional, desencadeando uma série de rodadas de sanções cruzadas.
Em 2025, o cenário se intensificou. Washington elevou as tarifas para até 145% sobre produtos chineses destinados ao mercado americano. Como reação, a China impôs taxas de até 125% sobre itens fabricados nos EUA.
Esse novo capítulo aumentou a instabilidade global e reforçou os gargalos logísticos, agravando interrupções nas cadeias de fornecimento já pressionadas desde a pandemia.
Além disso, a disputa tarifária ganhou um novo contorno: a guerra de influência entre marcas chinesas emergentes e as tradicionais marcas de luxo ocidentais. Essa tendência reforçou a fragmentação econômica global, com a formação de blocos comerciais paralelos.
A guerra comercial ultrapassou o campo das tarifas e passou a influenciar decisões de investimento, estratégias industriais e até mesmo políticas externas.
Em um comunicado conjunto que reforça a importância estratégica das duas maiores economias do mundo para a estabilidade do comércio global, Estados Unidos e China anunciaram um acordo para reduzir significativamente as tarifas que haviam sido impostas.
Com validade inicial de 90 dias a partir de maio de 2025, o acordo prevê que os produtos chineses passem a ser taxados em 30% (antes 145%) e os produtos norte-americanos, em 10% (antes 125%). A medida representa uma redução acumulada de 115% nas tarifas cruzadas e sinaliza um esforço conjunto para retomar o diálogo econômico em bases mais equilibradas e cooperativas.
Apesar da redução geral nas tarifas, a China ainda enfrentará uma tarifa específica de 20% sobre o fentanil e seus precursores químicos. Essa medida será mantida pelos Estados Unidos como forma de pressão para que Pequim adote controles mais rígidos sobre a produção e exportação da substância.
Conforme a declaração conjunta, ambas as partes reconhecem a “importância de uma relação econômica e comercial sustentável, a longo prazo e mutuamente benéfica”. O anúncio foi interpretado como um gesto de reaproximação estratégica, especialmente após anos de escaladas tarifárias que impactaram negativamente empresas, cadeias de suprimento e consumidores.
O acordo foi bem recebido por representantes do setor privado e por autoridades norte-americanas, que o consideram um avanço importante rumo à normalização das trocas comerciais. No entanto, a posição do governo chinês foi mais contida, com pronunciamentos que enfatizam a natureza temporária das medidas.
Além da redução de tarifas, o acordo também prevê a criação de um canal permanente entre os dois países, com reuniões regulares. “Essas discussões poderão ser conduzidas alternadamente na China e nos Estados Unidos, ou em um terceiro país [...]. [...] ambas as Partes poderão realizar consultas de trabalho sobre questões econômicas e comerciais relevantes.”, afirma o comunicado.
A trégua trouxe um alívio aos mercados financeiros globais. Com o anúncio da redução tarifária, os principais índices de ações reagiram positivamente: o S&P 500 e o Dow Jones fecharam em alta no dia seguinte à divulgação do acordo, enquanto a Nasdaq teve ganhos impulsionados por empresas com grande exposição ao mercado asiático, como Nvidia, Apple e Tesla.
Investidores enxergam o acordo como uma janela de estabilidade temporária em um cenário marcado por incertezas nos últimos anos. A flexibilização nas barreiras comerciais deve estimular o fluxo de mercadorias, melhorar margens de lucro de exportadores e aliviar pressões inflacionárias em setores estratégicos.
Apesar da euforia inicial, analistas mantêm um tom cauteloso. O caráter provisório do acordo, com validade de apenas 90 dias, impõe um cenário de vigilância constante. Não há garantias de que os compromissos serão renovados ou aprofundados, e ainda persistem temas sensíveis fora da mesa de negociação.
Além disso, a inclusão de cláusulas como a manutenção da tarifa sobre o fentanil mostra que os EUA seguem dispostos a usar ferramentas econômicas como instrumento de pressão política. Para alguns especialistas, isso indica que a política comercial norte-americana continuará sendo usada com objetivos geopolíticos — o que pode gerar novos atritos, mesmo em meio a acordos de curto prazo.
O acordo selado em Genebra oferece um fôlego importante para o comércio internacional. Porém, essa não é uma solução definitiva entre as duas potências. O mercado, embora estimulado, permanece atento aos próximos passos das negociações.
Para o Brasil, a trégua comercial entre EUA e China representa tanto uma janela de oportunidades quanto um risco de perda de competitividade em setores-chave. Com a redução das tarifas, o comércio bilateral entre elas tende a se intensificar, o que pode redirecionar parte da demanda que vinha beneficiando exportadores brasileiros.
O agronegócio, por exemplo, que ampliou sua participação no mercado chinês em meio às restrições impostas aos produtos americanos, pode enfrentar uma concorrência renovada do setor agrícola dos EUA — especialmente em itens como soja, milho e carnes.
Por outro lado, a normalização das trocas comerciais pode reduzir a volatilidade cambial e trazer maior previsibilidade ao comércio global, o que beneficia o Brasil indiretamente, especialmente em setores industriais e de commodities.
No entanto, a retomada da pressão tarifária entre EUA e China, caso o acordo não se sustente após os 90 dias, também pode trazer efeitos colaterais — como instabilidade nos preços de commodities, redirecionamento de investimentos produtivos e aumento das incertezas para o comércio exterior brasileiro.
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